
Há tempos Please Like Me aparecia entre as minhas sugestões da Netflix, mas sempre deixava a série australiana na lista do “quero ver”. Até que em uma madrugada de insônia resolvi dar uma chance.
Quando percebi estava no quarto episódio da 1ª temporada, cantarolando “I’ll Be Fine”, a música que embala todas as aberturas. A trama cresce em cima de dois pontos-chave: Josh assume a sua sexualidade enquanto lida com a tentativa de suicídio da sua mãe. Ambos eventos fizeram parte da vida do criador e protagonista Josh Thomas.
Por conta disso, Please Like Me entra naquela categoria que leva o horroroso nome de dramédia. Porém, como o próprio Josh Thomas explica, por mais que o audiovisual tente enquadrar suas produções em gêneros, não dá para falar sobre a vida sem essas duas coisas. Estamos sempre entre o drama e a comédia.
Logo, a melhor palavra para descrever a série é realismo. Assuntos delicados como saúde mental são tratados sem filtro em diálogos (im)precisos — ou seja, nada do que é dito pelos personagens é eloquente demais para ser verdade. O elenco é entrosado, mas as atuações carregam uma leve desconexão, reforçando a ideia de que na sua frente estão pessoas de verdade, que não sabem exatamente o que sentir a seguir. Ao mesmo tempo, a fotografia é pensada para valorizar espaços e detalhes, enxergando uma beleza que geralmente deixamos passar despercebida.
O título (por favor goste de mim, em tradução livre), já sugere que essa não é uma série sobre respostas, mas sobre a tentativa diária de se encaixar. Josh quer entender a si mesmo, seus boys, a vida adulta, os amigos, a mãe bipolar, o pai na crise de meia-idade… Não há uma receita certa, a não ser para os variados pratos que batizam todos os episódios. A comida surge aqui como uma grande metáfora do que pode ser controlado e do que pode nos unir, apesar de tantas diferenças. O resto é caos e vamos levando.

Também sempre deixo essa série pra depois. Acho que a sinopse é meio genérica, mas lendo o seu texto fiquei com vontade de dar uma chance 😁